20-04-2005, 11:09
Khorazyn Wrote:Após a negação, no estágio da raiva, da revolta, o paciente pergunta-se: "Por que eu?", "Por que comigo?" "Durante este estágio faz exigências, reclama, critica o seu atendimento e solicita atenção contínua.
Até agora as perguntas têm sido mais do género "Onde posso encontrar ovelhas?", mas por certo que caminha para outras interrogações mais existenciais. Ou talvez não.
Khorazyn Wrote:Se for respeitado e compreendido. Logo cessarão suas exigências, pois será assistido sem necessidade de explosões temperamentais. Ressalta-se a importância de tolerarmos a raiva, racional ou não, do paciente. Temos que ouvi-lo e até, às vezes, suportar alguma raiva e pensamentos irracionais, sabendo que o alívio proveniente do facto de vociferado o que lhe ia na alma contribuirá para melhor aceitar as horas finais".
É difícil respeitá-lo e compreendê-lo, mas há muita razão no que dizes. Aliás, já o ouvi expressar muitos pensamentos irracionais, do tipo "Será que o Pedro já limpou a sala e hoje não vamos ter de ser nós a fazê-lo?"
Khorazyn Wrote:A depressão aparece "quando o paciente não pode mais negar sua doença, quando é forçado a submeter-se a mais uma cirurgia ou hospitalização, quando começa a apresentar novos sintomas e tornar-se mais debilitado e mais magro, já não come muito, não é mais possível esconder a doença. O alheamento ou estoicismo, a revolta e raiva cederão lugar a um sentimento de grande perda".
É a prova!!! Ele já deve andar muito deprimido, que não come quase nada. Quando a gente come iscas eu peço no talho iscas para o número de homens que somos e um bife de perú para uma mulher anoréctica a fazer uma dieta rigorosa, e mesmo de acompanhamentos ele não come quase nada. Mais valia usar um pires em vez de um prato, que a comida cabia lá perfeitamente (até sobrava bastante espaço) e depois gastava-se menos água e detergente quando fosse na altura de lavar a louça. Em Junho temos então de fazer uma intervenção ao rapaz, a ver se conseguimos que ele se comece a alimentar decentemente. Se a intervenção falhar, tentamos um exorcismo. Mal não há-de fazer.