Má poesia

[Kanzentai]

Se a gula é um pecado mortal,
eu não quero viver,
num mundo onde um garrafal
de vinho não possa beber,
um bife de carne passada bem ou mal,
não possa comer...


Como tal não é o caso, é evidente,
que é mais que bom ir em frente,
encontrar no que ferrar o dente,
cortar o cabelo ou usar o pente.
Quem não diz a verdade, mente!

Se é de tarde, não é de dia!,
As necessidades fazem-se na pia,
ou na Praça da Alegria...
Até mora lá numa casa uma tia,
que tem um gato que mia,
e transforma a mobília em porcaria.

Amanhã tem de se comprar presunto,
mas só se entra de Fiat Punto,
é um talhante deveras estranho:
enquanto corta a carne, toma banho.
Não usa o urinol e viaja de carrocel,
Alimenta-se só de tintol e pão com mel.

Lisboa é uma cidade,
cheia de construções,
os bêbedos não sabem o que é sobriedade,
e andam aos trambolhões.

Da minha autoria (acabei de o inventar), em homenagem ao grande poeta Manuel João Vieira, autor da letra do êxito internacional "Sem Pés nem Cabeça" 8)